Na tarde desta segunda-feira, dia 29 de julho, Abner Teixeira da Silva Junior, boxeador sorocabano disputou as oitavas de final na categoria superpesado (+92kg) dos Jogos Olímpicos 2024 e foi derrotado pelo equatoriano Gerlon Gilmar Congo Chala. O combate iniciou às 16:30 e foi sediado na Arena Paris Norte, no Centro de Exposições Villepinte, situado na cidade de Seine-Saint-Denis (Região Metropolitana de Paris).
Foi uma luta de estreia bem acirrada e emocionante, no qual os boxeadores iniciaram o primeiro round se respeitando e estudando muito a estratégia do outro, porém o equatoriano conseguiu se sobressair com um volume maior de golpes, vencendo por 4x1.
O 2° round foi mais energético, os atletas retornaram com uma estratégia mais ofensiva e nisso o brasileiro se destacou, combinando boas sequências de golpes contundentes e mesmo com uma interrupção temporária devido a um sangramento na cabeça após um choque acidental entre os oponentes, Abner venceu o 2° round por 3x2.
E no terceiro round, ambos buscaram manejar a luta com suas estratégias, Gerlon através do volume de golpes e Abner através da maior precisão e força de seus golpes, o que também o levou a vitória desse último round, por 3x2.
Ao final da luta, Gerlon foi declarado campeão por decisão dividida, de 3-2. Neste caso, mesmo com Abner ganhando o 2° e 3° round para a maioria dos juízes, foram juízes diferentes que viram esses resultados e juntamente com a derrota do primeiro round, a somatória final dos pontos resultou na vitória do atleta do Equador, que avançou para a próxima fase da competição. Ou seja, o brasileiro fez uma boa luta, mas não foi o suficiente para convencer a maioria dos juízes de que merecia a vitória.
Abner era um atleta cotado para receber medalha olímpica, mas não conseguiu entregar o melhor, uma performance de tão alto nível quanto ele pode dar e isso acabou custando caro para ele. Na prática, o que faltou foi volume de golpes, para poder se equiparar ao número de golpes atirados pelo equatoriano, então a precisão e contundência dos golpes dele, seria mais vantajoso.
Os pugilistas já haviam se enfrentado na final dos Jogos Sul-Americanos, em 2022, com vitória de Abner. Mas desta vez, o equatoriano saiu na frente com um bom primeiro round e conquistou a classificação para as quartas de final, onde só precisará de mais uma vitória para garantir uma medalha olímpica.
Entretando, essa classificação de Abner Teixeira para as Olimpíadas 2024 já foi um marco histórico para o Boxe brasileiro, visto que foi a primeira vez que o país teve um atleta na categoria superpesado na história olímpica. Além do sorocabano ser um grande exemplo de superação, ao conquistar essa classificação no Pan de Santiago-2023, onde lutou com uma ruptura do ligamento cruzado anterior do joelho direito e desde então, optou por não passar por cirurgia, com foco na Olimpíada e apenas “tratou” a lesão com acompanhamento médico e fisioterapêutico.
Abner Teixeira é um nome que já ficou marcado na história do boxe brasileiro, com uma carreira marcada por conquistas notáveis que o destaca como um dos principais pugilistas do Brasil em duas categorias diferentes. Inicialmente, como peso-pesado (até 92kg), conquistou a medalha de prata em Tóquio 2020 e posteriormente, migrou para a categoria superpesado (acima de 92kg) e conquistou Ouro nos Jogos Sul-Americanos 2022 e Prata nos Jogos Pan-Americanos 2023, fora os diversos outros títulos.
O Prof. Vladimir Juliano de Godoi - treinador sorocabano que revelou e formou Abner, além de ser um grande profissional de educação física, referência no boxe brasileiro; fundador da LISOBOXE e membro da Academia Brasileira de Treinadores do COB, deixou um comentário: “Infelizmente, para ele e para nós brasileiros, ele acabou sendo eliminado da competição, ainda muito cedo. E eu, particularmente, fiquei muito triste ontem, muito decepcionado, angustiado e imagino que o Abner também. A gente o viu na entrevista, que ele estava muito consternado, lógico que de primeiro momento, logo que desceu do ringue, perdeu a luta e acabou, porque foram praticamente 3 anos desperdiçados e o boxe é isso, quando vai subir no ringue, sempre será a luta da vida, porque cada luta é uma final, então não dá para você deixar para pensar depois, tem que fazer o que tem que ser feito ali na hora.
A gente ficou bastante triste e chateado, porque era uma grande oportunidade pro Abner, de fazer mais uma vez história e deixar um grande legado pra categoria e modalidade. Mas paciência, agora é voltar, esfriar a cabeça, cuidar do joelho e depois decidir o que vai fazer da carreira, se ele vai querer continuar com o boxe olímpico, se vai migrar para o profissional, enfim, a vida tem que continuar e ele é um grande atleta, excelente homem, então não acabou olimpíadas para ele, foi só essa edição, mas a vida e trabalho dele, vão continuar. Tenho certeza que ele vai conseguir colocar a cabeça no lugar, tomar as decisões necessárias e retomar a carreira para conquistar ainda mais, porque ele merece e tem muito potencial para isso. Agora ele vai respirar, sentir o gostinho amargo da derrota, mas levantar a cabeça, trabalhar e seguir em frente para poder dar a volta por cima!
E o que resta para nós é continuar torcendo para o time Brasil, porque ainda tem bastante atletas lá, acredito muito nessa geração que está aí e que o boxe ainda vai conquistar bastante medalhas nesses Jogos. Infelizmente o Abner não vai estar lá medalhando dessa vez, mas as chances de o boxe repetir uma performance alta, como foi em Tóquio, ainda é muito grande. Vamos continuar na torcida, vibrando para que os atletas foquem e a comissão técnica estude o máximo que puder, para fazer mais uma boa competição e conseguir muitas medalhas, mantendo o boxe brasileiro no mais alto status do esporte no Brasil.”
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