Do dia 19 a 27 de outubro aconteceram grandes disputas entre os principais atletas de Boxe das Américas nos Jogos Pan-Americanos 2023, na cidade de Santiago, capital do Chile. Esta é a única competição continental que vale a classificação direta dos boxeadores para os Jogos Olímpicos 2024 e esse ano, a competição contou com a participação de 130 boxeadores de 28 países, no qual foram distribuídas somente duas vagas por categoria de peso, logo, para a maioria dos atletas, foi necessário chegar à final, com exceção do 57kg e 60kg femininos, que concederam quatro vagas.
O time Brasil viajou com treze pugilistas que fizeram um trabalho excepcional, assim apresentando ótimos desempenhos e resultados, alcançando o topo do ranking dos países no boxe, conquistando um total de 12 medalhas, sendo 4 de ouro, 5 de prata e 3 de bronze; em 2° lugar ficou os Estados Unidos com a metade das premiações, ou seja, um total de 6 medalhas.
O representante do Brasil na categoria superpesado, é o sorocabano e medalhista olímpico Abner Teixeira da Silva Junior, que descobriu sua paixão pelo Boxe aos 14 anos no Centro Esportivo do bairro Maria Eugênia em Sorocaba-SP, por meio do projeto social “Boxe: Uma Luz para o Futuro”, realizado pela Liga Sorocabana de Boxe (Lisoboxe) na cidade do interior paulista e durante esse período, foi formado por seu primeiro treinador Vladimir Juliano de Godoi; posteriormente foi convocado para a seleção brasileira.
Na terça-feira (24), o sorocabano fez uma bela estreia nas quartas de final do Pan-Americano 2023, vencendo por decisão unânime o mexicano Javier Hernandez; assim, avançou para as semifinais, que foram disputadas na última quinta-feira (26), no qual derrotou o representante da Colombia, Christian Codazzi, por decisão dividida dos juízes. Com esse resultado, o maior peso-pesado da história do boxe brasileiro, garantiu sua vaga para sua segunda participação nos Jogos Olímpicos, desta vez em Paris 2024.
Abner disputaria o ouro do Pan na sexta-feira, dia 27/10, contra o estadunidense Joshua Edwars, porém a luta não ocorreu, visto que Abner já chegou na competição com uma lesão grave no joelho direito com rompimento total do ligamento cruzado anterior (LCA), que ocorreu poucas semanas antes, durante um treino. Diante disso, a comissão técnica e médica decidiu preservar o bem-estar e saúde do atleta, o poupando de se expor à luta final.
Abner relatou que estava pensando neste ouro desde os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, quando bateu na trave e ‘quase’ alcançou o título, ficando com a medalha de bronze. Mas que está muito feliz com esse degrau que subiu em relação ao último. Também declarou que não foi nada fácil como atleta de aceitar essa decisão de não subir ao ringue numa final como essa, mas que entende ser por um bem maior e que confia plenamente em sua equipe.
E na preparação para a competição vinha administrando treinos e fisioterapia todos os dias, de forma que conseguiu fazer duas belas lutas e alcançar o objetivo principal que era a vaga olímpica.
Professor Vladimir Juliano de Godoi, seu treinador sorocabano, comentou: "Eu fiquei muito feliz com a vitória dele na quinta, conquistando a vaga para os jogos olímpicos na França, que era o objetivo principal dessa competição e o mais importante, sabendo da dificuldade dele, que estava machucado, com o ligamento rompido e que estava indo na base do sacrifício. Então oramos e torcemos muito aqui para que ele pudesse ter um bom desempenho e conseguisse a vaga nesse momento, para que o planejamento para a França possa ser o melhor possível.
Devemos comemorar a medalha de prata e com certeza se ele tivesse condições, ele iria ganhar o ouro porque já lutou com esse americano e venceu. Mas não adianta essa medalha de ouro agora e prejudicar ainda mais o joelho, foi isso que a gente conversou ontem a noite pelo telefone. O Mateus (treinador da seleção) e a comissão técnica também estavam cientes disso e foi muito bacana o posicionamento da própria CBBOXE e Comitê Olímpico Brasileiro de entender a questão do atleta.
Agora com a vaga garantida, ele deve se cuidar, voltar para o Brasil e começar um novo ciclo para se preparar, chegar na França e trazer o ouro firme e forte nas olímpiadas. Estou muito feliz com a conquista e grato a Deus pela bênção dele ter conseguido alcançar agora e poder fazer uma preparação muito boa para a França.
E para nós aqui é continuar trabalhando e desenvolvendo esse projeto social maravilhoso que a gente tem aqui em Sorocaba, para poder revelar novos campeões mundiais e olímpicos, assim como poder continuar contribuindo com a formação, desenvolvimento e vida de muitas pessoas, homens e mulheres, meninos e meninas da cidade de Sorocaba, ajudando eles a encontrar um caminho de prosperidade, vitalidade, protagonismo na própria vida e principalmente um caminho do bem.”
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